sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Era uma vez...

Um predador que deambulava pela selva de vidas à procura de uma presa que lhe despertasse os sentidos. Ele percorria as encostas de seres ingénuos, que desconheciam a sua existência, camuflado de bom feitor inofensivo. Um certo dia, os seus olhos esbarraram numa presa que lhe pareceu perfeita. Uma criatura isenta de maldade, desconhecedora dos perigos que se escondem nos lugares recônditos do mundo. Com toda a astúcia aproximou-se dela, mantendo sempre a máscara que o escondia como predador. E assim que viu oportunidade lançou-se a ela com destes e unhas. Procurava satisfazer os seus desejos mais perversos. 

Sobre aquela criatura caíram todos os medos do mundo. Não sabia ao certo o que lhe estava a acontecer nem o terror que a esperava. Do nada alguém que ela sempre conhecera, com quem sempre convivera estava a agarra-la de forma estranha, o seu discurso não fazia sentido e a forma como ele agia não era normal. Aquele ataque nunca chegou a ser consumado. Para grande raiva do predador ela foi salva. 

Ela conseguiu fugir ao ataque furtivo, mas não se livrou de outras tentativas de ataques. Durante anos foi obrigada a viver sob disfarçadas, mas ferozes ameaças de novos ataques. Durante esse tempo viveu assustada e sem saber de como fugir daquele predador. Até que, o ponto que a obrigava a conviver com o predador deixou de existir. Aí ela conseguiu fugir e afastar-se dele. Aos poucos foi aprendendo novamente a viver sem medo, foi aprendendo a caminhar sem olhar quem vinha atrás, foi aprendendo a não recear a noite. Acreditou que era capaz de esquecer o que acontecera nos tempos passados e colocou-se à prova em aventuras que a obrigavam a superar os fantasmas e a seguir, de vez, em frente sem receios. No entanto, os fantasmas quando se viram esquecidos fizeram por serem relembrados e voltaram para assombrar a pobre criatura que acreditou ter crescido e se tornado mais forte, capaz de se defender (mas na realidade ela viu-se de novo perdida, insegura, com medo e desprotegida).

Sem comentários: