terça-feira, 25 de outubro de 2011

Sem sentidos


Se o mundo tivesse ouvidos
Preferia não ouvir
Se o mundo tivesse olhos
Escolheria não ver ou observar
Se o mundo tivesse boca
Optava por não falar
Se o mundo tivesse mãos
Não saberia a quem as dar
Se o mundo tivesse braços
Não saberia quem abraçar
Se o mundo tivesse coração
Renunciava-o, pois com ele,
Saberia que o era sentir dor
Ao ouvir palavras de desprezo e abandono
Ao observar a sua destruição
Ao ter mãos e não se poder defender
Ao ter braço o não poder afastar os seus agressores
Da forma como o homem massacra o mundo, sem remorsos sentir, ainda bem que o mundo não tem sentidos…


O mundo a todos quer por igual, nós é o repartimos e usamos de forma desigual.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Olha o passarinho


Fui com cuidado, pedi com carinho, tirei a foto e ela não fugiu. 
Digam lá se a natureza não é bela na sua simplicidade (:

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

(Des)Compreendo


São muitas as pessoas que não dão valor ao que têm e vivem agarradas ao que não têm. E não têm porquê? Porque a vida é madrasta. E como madrasta que é apenas dá riqueza aos verdadeiros filhos. Os enteados são enxotados para a penúria de uma vida de trabalho. Trabalho, esse, detentor de um miserável ordenado. Ordenado que não permite fazer ou ter o que os ricos têm. E o quê que os ricos têm? Os ricos têm casas e carros de luxo, roupas caras da moda, viajam, vão a spas, compram o que lhes apetece e com isso são felizes… já os pobres coitados são tristes porque não têm nada disso e vivem num eterno sonho de um belo dia serem filhos legítimos da vida.  


Desvalorizam
E porque desvalorizam
Deixam de querer
E como já não querem esquecem de dar valor ao que têm.
São muitas as pessoas que dão um valor distinto ao que tem um valor efémero. Querem o que poucos têm e desprezam o que muitos pagam com a vida por não terem.

Em comparação com os ricos, que tu desejas ser um dia, são muitas mais as pessoas que suplicam por uma miserável refeição e por uma gota de água, que vivem numa pobreza extrema onde na maioria das vezes não lhes é permitido adquirir uma refeição diária para se alimentarem e alimentarem os seus filhos ou familiares (e algumas dessas pessoas têm algo a que chamam trabalho). 





Há quem não seja pobre na carteira, mas sim pobre de espírito e de consciência! Às vezes questiono-me como algumas pessoas conseguem colocar tudo num lado da balança e esquecem de a equilibrar. Não compreendo estas formas de viver nem quero compreender…



Este mundo é desigual, mas és tu quem o faz assim...

terça-feira, 18 de outubro de 2011

I think...

Is it the look in your eyes,
Or is it this dancing juice?
Who cares boy?
I think I wanna marry you.
 
 

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

À margem...


E se viveres nesta sociedade, mas à margem das suas amarras?
Seria uma loucura total. Mas, muito provavelmente seria melhor que uma vida em desespero onde tenta-mos controlar o que de alguma forma está fora do nosso controlo. Perdemos muito tempo a tentar organizar o mundo. Fabricamos relógios para controlar o tempo, mas acabamos controlados pelo relógio. Fazemos calendários para nos orientar os dias, mas acabamos perdidos na semana… Criámos agendas para estruturar o nosso dia ou semana, mas esta acaba sempre rabiscada por um imprevisto. Tentamos prever o clima, mas somos surpreendidos com sol quando trazemos guarda-chuva ou quando nos ausentámos deste utensílio temos a companhia da chuva que é bem molhada. Tentamos controlar as nossas vidas. Mas na verdade que parte da nossa vida está sob nosso controlo quando tens um trabalho que te dita os teus horários, uma faculdade que te ocupa o tempo para além do horário com estudos, um parque de estacionamento que está vazio quando não precisas de estacionar e ocupado quando precisas. Quando vais ao supermercado e fazes a lista das compras, para não esqueceres nada e não teres de lá voltar, e não encontras muitas das coisas que tens na lista. Quando queres ler e te pedem para veres televisão. Quando queres correr e te pedem para ajudares em alguma coisa. Quando te apetece ficar sozinho e precisam da tua companhia… Nós pensamos que controlamos o que não conseguimos controlar…


segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O Velho


Já não fala ou o pouco que fala já não desperta um interesse natural. Por vezes já só ocupa uma posição débil, encolhendo-se no leito à esperar de um bem-estar que nem sempre chega. O seu cérebro esquece-se de quem era, já não sabe bem quem é ou a quem pertence aquele corpo e aos poucos a vida anoitece. No arrastar dos dias, o interesse pelo que o rodeia deixa de ter importância, o sorriso extingue-se do rosto e o corpo mirra ali, como um objecto inerte a quem deixaram de depositar humanidade, a quem tiram a vida ainda com vida.

Muitos dos idosos que vesgueiam por este mundo feito de países que se dividem em cidades onde pertencem as nossas casas ainda são gente, ainda são vida, mesmo que essa vida se transforme num bebé perto de desnascer.   

  
Estende-lhe a mão, ajuda-o a dar os últimos passos do seu já findo caminho, pois o velho que hoje vês é a imagem da tua pessoa amanhã. O idoso a quem viras as costas, mal tratas ou esqueces num canto morreu hoje, mas amanhã esse velho renasce em ti, trazendo com ele as culpas do que lhe fizeste ontem. 


Se queres ser bem tratado e amado quando já não se podem acrescentar dias à vida, ama e cuida dos que perto de ti desnascem no ventre de uma sociedade que não sabe ser mãe. Não descartes os idosos da tua vida, não esqueças que a tua vida acaba velha.

domingo, 9 de outubro de 2011

Bem...


Gosto de sair
mas também gosto de estar por casa.
Gosto de passear
mas gosto do aconchego do lar.
Gosto de estar com amigos
mas também gosto de ficar em familia.
Gosto de ir ao cinema
mas também gosto de ver TV em casa.
Gosto de ir a um bar
mas também gosto de ouvir música no sofá a beber chá.
Gosto de ter companhia
mas também gosto de estar só.

sábado, 8 de outubro de 2011

Tomorrow


Às dez para a meia-noite
Tu estarás acordado
E sentirás, talvez,
Uma inconsolável necessidade de chorar
E então serei eu com o que me resta de sensibilidade
A desenhar-te o sol na palma da tua mão
E dar sentido ao grande intervalo que intercala a vida dos teus dias
Porque é preciso ganhá-los,
Ainda que nisso eu encontre uma injustiça
Para a qual me falta ainda uma utopia.

Amanhã de manhã
Vais dizer que sou linda
Mas não me farás sentir bela.



Amanhã de manhã
Será tudo menos meia-noite e cinco.
E já não vou ter vontade de te mostrar 
onde mora a minha verdadeira beleza.