sexta-feira, 29 de abril de 2011

Two Days

Dois dias
Um para sorrir
Outro para chorar

Dois dias
Um para amar
Outro para odiar

Dois dias
Um para ganhar
Outro para perder

Dois dias
Um para ter esperança
Outro para desesperar

Dois dias
Um para sentir bem-estar
Outro desconforto

Dois dias
Um para estar acompanhado
Outro na solidão

Dois dias
Um para confiar
Outro para desconfiar

Dois dias
Um para ver o dia brotar
Outro para ver o dia extinguir


Dois dias
A vida é dois dias.
Um para viver,
Outro para morrer.



terça-feira, 19 de abril de 2011

Velhas muralhas

Aqui nestas velhas muralhas
Continuo a cantar as mesmas músicas
Que invocam o meu espírito
E escrevo frases
Que vêm na inspiração da chuva

Com paciência e muita calma,
Continuo a viver a incerteza da certeza,
Do sofrimento que vem mas que vai,
Da alegria que parte, mas que volta
Da falta que muitas vezes preenche,
Coisas absolutamente normais e,
Ao mesmo tempo, estranhas.

No seu jeito de ser
O mundo acolhe um segredo
Que o meu olhar mais desatento
Desvenda a cada alvorecer
E
No meu engenho
Vou escrevendo
Por vezes forte
Por vezes frágil
Pois quando não mais puder falar
Estas palavras contarão a minha história
História desenhada por caminhos estreitos, escuros e tortuosos
Caminhos que são coloridos por pessoas que pintam na minha história experiências que me fazem crescer como pessoa que sou.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Clandestino

Nas cores do céu
Navegam sonhos
Em flores que joguei no mar.

Sobre mim o olhar do sol
Faz renascer sentimentos
Abandonados num barco à deriva.

O amanhecer furtivo
Faz quebrar barreiras
De um coração ao vento


Sinais
De um novo tempo
De um novo espaço
De um novo rosto
Um rosto clandestino
Que segreda baixinho
Um novo viver em mim.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Sede de poesia

Cotidiano. Calada a melodia,

rotina a sonhos devorar.
Um suicida fuma crack na esquina,
na esquina a violência a espreitar.

Tanto carro e pouca rua,
Mal cuidada a metrópole.
A incompetência posta nua.
Governante ou zelador de necrópole.

Ensino que (des) ensina,
mobilidade um aleijão.
À saúde cabe a chacina,
Padece a população.

Tenho sede,
          tenho sede de poesia!

Os flatos do progresso(?)
nos sufocam nos efeitos dessa estufa.
Dos hidrocarbonetos à energia nuclear,
Vão sujando nossa casa, poluindo nosso lar.

Terra Mãe tão maltratada...
Seus mares, seus rios...
Suas veias a sangrar!

Tenho sede,
          tenho sede de poesia!

Uns mercam a "salvação",
Outros danação A vender...
Dementes fundamentalistas,
anacrônicos neonazistas,
esquizofrênicos racistas,
moralistas pedófilos,
enrustidos homofóbicos...
Abundante farsa,
epidêmica hipocrisia!

Tenho sede,
           tenho sede de poesia!

Babel de grana e interesses,
globalizada insensatez.
Fukushima nos ensombra,
Hiroshima faz lembrar.
Chernobyl em triste sombra,
persiste o átomo em assombrar.

Bélica apolítica do capital,
Tem nas guerras seu lucro.
Comunidade internacional.
Caiado sepulcro

Do Médio Oriente o terror,
Triste horror do ocidente.
O Império conquistador,
Pôs em risco toda gente..

Tenho sede,
          tenho sede de poesia!



Antonio Pereira (Apon)

segunda-feira, 11 de abril de 2011

De mãos dadas

Através do vento oeste
Planejo o meu ataque
Bato à porta da vida
E agarro o seu sorriso com as mãos magoadas de dor.
Aqui vamos nós
Pelas estradas do destino
De uma cidade perdida no tempo
Nunca deixando as mãos se soltarem.
De mãos dadas com a vida
Deixo que ela me segure as mãos magoadas
E me guie
Pois agarrei o seu sorriso
E mesmo que as mãos me torturem de dor
Eu não vou deixa-lo fugir.

Na dor, não adianta acrescentar mais dor. A vida dá sempre um sorriso para cada dor que colhemos. É preciso deixar que esse sorriso entre em nós. É preciso querer sorrir mesmo na dor.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Deserto

Há quem atravesse um deserto a cada passo que dá na estrada da vida e deixe esmorecer o entusiasmo de cada novo dia a cada amanhecer. No caminho que vai da terra da escravidão à terra da liberdade arrastam-se pela areia, sem antes tentar caminhar de cabeça erguida. Arrastam-se pesarosamente como se não houvesse outra escolha, deixando um rastro de murmúrios habitados de “porquês”. E assim, a cada fim de dia, somam a amarga contemplação das eventualidades a um quotidiano sem esperança que os conduz à revolta. Revolta por rastejarem num deserto sem fim, sem esperança num horizonte diferente.


Nos trilhos da vida esquecemos que às vezes o deserto não é a realidade que nos evolve. Às vezes o deserto somos nós próprios, que teimosamente nos repetimos em rotina já sem vida, em gestos e palavras teimosamente carregados de morte e despidos de vontade de um caminhar diferente. E assim, os passos que percorrem a estrada tornam-se mais amargos, à vida acrescentam-se pesos que ela não tem e passamos ao lado do que é mais importante: VIVER.