terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Relatos de outros



É mais fácil fugir e substituir a dor por algo entorpecedor. É tão mais fácil fingir do que encarar a dor. Roubaram-lhe o que não pode ser devolvido ou recuperado e tem mantido tudo em segredo. Ferimentos tão profundos, nunca desaparecem. São como figuras sombrias que se movem dentro da sua cabeça sem nunca as esquecer. Às vezes lembra-se da escuridão do passado, trazendo de volta as memórias que desejava nuca ter. Às vezes pensa em superar, nunca olhar para trás. Apenas deixando de lado todo o desamparo interior… mas é mais fácil fingir que não se sente fora do lugar …É mais fácil fugir



Se

conseguisse mudar, ela mudaria

Se 
conseguisse ficar de pé, ela ficaria



É mais fácil fugir

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Acreditar

 

Sempre me disseram que sonhar alto é arriscado, porque quanto mais alto maior é a queda. Mas não é a queda que custa, mas o despertar de um sonho que pensaste ser realidade. É o ter noção de que tudo não passou de uma ilusão. Uma simples ilusão onde afinal tudo foi um faz de conta que podia ter sido real. 

São os pequenos gestos que nos fazem voar lá em cima nas nuvens, mas são também, os pequenos gestos que nos fazem regressar ao chão.
 




Quando fazes alguém sonhar nunca a faças sonhar em vão. 
Porque quem sonha acredita em ti.

domingo, 25 de novembro de 2012

Basta de violência...



Pobres criaturas
Que vagueiam na luz das trevas
Vacilantes no medo

Pobres criaturas
De corações desabitados
Doridos de temor

Pobres criaturas
De sorrisos subtraídos
Pela brutalidade de uma caricia

Pobres criaturas
De voz silenciada
Pela serenidade de um grito



Pobres criaturas de vida defraudada. Que vivem dias que se fazem acumular de dor, de vazio, de medo. Onde a coragem morre na culpa da cobardia. Pobres criaturas de corpos desfeitos, de sonhos trocados e vandalizados. Pobres criaturas que vivem sem viver, que choram sem ninguém querer saber, perdidas num mundo distorcido por sombras que saem impunes dos seus crimes.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Esperança



"No seu mundo de manto preto sem estrelas a noite não soubera que a luz havia chegado, e brincara às escondidas com o medo. E foi assim que o medo se apropriou da sua vida, cavalgando, por entre muralhas desabadas, batendo à porta de casas desfeitas por sonhos autistas. E dentro do medo um coração é um cometa gélido, a razão é carne pútrida, a vida é morte a respirar e a fábula não tem a moral prevista. 



O teu olhar tem um mundo inteiro, viçoso e válido, livre sem proprietário, para plantares nele o sonho. Acorda e vislumbra! Tocámos terra segura: Esperança."

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

EDUCAÇÃO SENTIMENTAL



Para quem faz do sonho a vida, e da cultura em estufa das suas sensações uma religião e uma política, para esse o primeiro passo, o que acusa na alma que ele deu o primeiro passo, é o sentir as coisas mínimas extraordinária e desmedidamente. Este é o primeiro passo, e o passo simplesmente primeiro não é mais do que isto. Saber pôr no saborear duma chávena de chá a volúpia extrema que o homem normal só pode encontrar nas grandes alegrias que vêm da ambição subitamente satisfeita toda ou das saudades de repente desaparecidas, ou então nos actos finais e carnais do amor; poder encontrar na visão dum poente ou na contemplação dum detalhe decorativo aquela exasperação de senti-los que geralmente só pode dar, não o que se vê ou o que se ouve, mas o que se cheira ou se gosta — essa proximidade do objecto da sensação que só as sensações carnais — o tacto, o gosto, o olfacto — esculpem de encontro à consciência; poder tornar a visão interior, o ouvido do sonho — todos os sentidos supostos e do suposto — recebedores e tangíveis como sentidos virados para o externo: escolho estas, e as análogas suponham-se, dentre as sensações que o cultor de sentir-se logra, educado já, espasmar, para que dêem uma noção concreta e próxima do que busco dizer.

Fernando Pessoa 






A vida está sempre preparada para o antes e o depois de tudo… porque há sempre uma nova forma de viver.
                                 





Esquecer o antes 
não é inevitavelmente necessário 
desde 
que não te impeça de viver
 o depois...