Esta é a minha versão preferida (=
domingo, 16 de dezembro de 2012
terça-feira, 11 de dezembro de 2012
Relatos de outros
É mais fácil
fugir e substituir a dor por algo entorpecedor. É tão mais fácil fingir do que
encarar a dor. Roubaram-lhe o que não pode ser devolvido ou recuperado e tem
mantido tudo em segredo. Ferimentos tão profundos, nunca desaparecem. São como
figuras sombrias que se movem dentro da sua cabeça sem nunca as esquecer. Às vezes
lembra-se da escuridão do passado, trazendo de volta as memórias que desejava
nuca ter. Às vezes pensa em superar, nunca olhar para trás. Apenas deixando de
lado todo o desamparo interior… mas é mais fácil fingir que não se sente fora
do lugar …É mais fácil fugir
Se
conseguisse
mudar, ela mudaria
Se
conseguisse
ficar
de pé, ela ficaria
É mais fácil
fugir
sexta-feira, 7 de dezembro de 2012
Acreditar
Sempre me disseram que sonhar alto é arriscado,
porque quanto mais alto maior é a queda. Mas não é a queda que custa, mas o
despertar de um sonho que pensaste ser realidade. É o ter noção de que tudo não
passou de uma ilusão. Uma simples ilusão onde afinal tudo foi um faz de conta
que podia ter sido real.
São os pequenos gestos que nos fazem
voar lá em cima nas nuvens, mas são também, os pequenos gestos que nos fazem regressar
ao chão.
Quando fazes alguém sonhar nunca a faças
sonhar em vão.
Porque quem sonha acredita em ti.
domingo, 25 de novembro de 2012
Basta de violência...
Pobres criaturas
Que vagueiam na luz das trevas
Vacilantes no medo
Pobres criaturas
De corações desabitados
Doridos de temor
Pobres criaturas
De sorrisos subtraídos
Pela brutalidade de uma caricia
Pobres criaturas
De voz silenciada
Pela serenidade de um grito
Pobres criaturas de vida defraudada. Que vivem dias que
se fazem acumular de dor, de vazio, de medo. Onde a coragem morre na culpa da
cobardia. Pobres criaturas de corpos desfeitos, de sonhos trocados e vandalizados.
Pobres criaturas que vivem sem viver, que choram sem ninguém querer saber,
perdidas num mundo distorcido por sombras que saem impunes dos seus crimes.
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
Esperança
"No seu mundo
de manto preto sem estrelas a noite não soubera que a luz havia chegado, e
brincara às escondidas com o medo. E foi assim que o medo se apropriou da sua
vida, cavalgando, por entre muralhas desabadas, batendo à porta de casas
desfeitas por sonhos autistas. E dentro do medo um coração é um cometa gélido,
a razão é carne pútrida, a vida é morte a respirar e a fábula não tem a moral
prevista.
O teu olhar
tem um mundo inteiro, viçoso e válido, livre sem proprietário, para plantares
nele o sonho. Acorda e vislumbra! Tocámos terra segura: Esperança."
quinta-feira, 1 de novembro de 2012
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
EDUCAÇÃO SENTIMENTAL
Para
quem faz do sonho a vida, e da cultura em estufa das suas sensações uma
religião e uma política, para esse o primeiro passo, o que acusa na alma que
ele deu o primeiro passo, é o sentir as coisas mínimas extraordinária e
desmedidamente. Este é o primeiro passo, e o passo simplesmente primeiro não é
mais do que isto. Saber pôr no saborear duma chávena de chá a volúpia extrema
que o homem normal só pode encontrar nas grandes alegrias que vêm da ambição
subitamente satisfeita toda ou das saudades de repente desaparecidas, ou então
nos actos finais e carnais do amor; poder encontrar na visão dum poente ou na
contemplação dum detalhe decorativo aquela exasperação de senti-los que
geralmente só pode dar, não o que se vê ou o que se ouve, mas o que se cheira
ou se gosta — essa proximidade do objecto da sensação que só as sensações
carnais — o tacto, o gosto, o olfacto — esculpem de encontro à consciência;
poder tornar a visão interior, o ouvido do sonho — todos os sentidos supostos e
do suposto — recebedores e tangíveis como sentidos virados para o externo:
escolho estas, e as análogas suponham-se, dentre as sensações que o cultor de
sentir-se logra, educado já, espasmar, para que dêem uma noção concreta e
próxima do que busco dizer.
Fernando Pessoa
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