As recordações são pedacinhos de nós. São fragmentos do que vivemos, do que fomos. As recordações são as peças que constroem o puzzle da nossa vida, peças que já não temos connosco. São sorrisos, são comidas, são lugares, são pessoas, são momentos, são experiências, são cores, são dias, são cheiros, são sabores… Elas na maioria das vezes estão bem guardadas na nossa memória, bem arrumadas na nossa cabeça. Tão arrumadas que parecem esquecias ou perdidas, mas na verdade elas estão lá à espera de serem despertadas, prontas para voltarem à acção no palco da imaginação e revividas no coração.
Ontem ao passar por uma figueira o seu aroma, a figos maduros, despertou-me os sentidos. Aquele cheiro fez-me lembrar de quando era criança (9 ou 10 anos de idade) e de quando já era mais crescida (20 ou 21 anos de idade). De repente fui transportada para casa da minha vizinha onde eu passava algum tempo das minhas férias de verão com o meu irmão. Lá existia uma figueira (hoje já não existe, por pena a minha) onde nós nos sentámos à sombra e jogamos jogos de tabuleiro e algumas vezes lanchamos (bons tempos). Depois fui transportada para os últimos tempos que estive com a minha avó que adorava figos maduros. Aqui não consigo descrever o que vivi. Apenas consigo sentir. Sentir as saudades de ir a casa dela, de estar com ela, de a ouvir, de tudo…
É pena não estares aqui para nos ver crescer. É pena não estares aqui para te fazer companhia. Soube-me bem recordar como gostavas de figos =)