quarta-feira, 4 de abril de 2012

Mais de Fernando Pessoa

Desde que, conforme posso, medito e observo, tenho reparado que em nada os homens sabem a verdade, ou estão de acordo, que seja realmente supremo na vida ou útil ao vivê-la. A ciência mais exata é a matemática, que vive na clausura das suas próprias regras e leis; serve, sim, de, por aplicação, elucidar outras ciências, mas elucida o que estas descobrem, não as ajuda a descobrir. Nas outras ciências não
é certo e aceite senão o que nada pesa para os fins supremos da vida. A física sabe bem qual é o coeficiente de dilatação do ferro; não sabe qual é a verdadeira mecânica da constituição do mundo. E quanto mais subimos no que desejaríamos saber, mais descemos no que sabemos. A metafísica, que seria o guia supremo porque é ela e só ela que se dirige aos fins supremos da verdade e da vida — essa nem é teoria científica, senão somente um monte de tijolos formando, nestas mãos ou naquelas, casas de nenhum feitio que nenhuma argamassa liga.

2 comentários:

Joana Oliveira disse...

gosto imenso, mas é do Alberto Caiero (acho) o poema "Para Além da Curva da Estrada"

Ana disse...

Esta passagem foi retirada do Livro o Desassossego de Fernando Pessoa. Esqueci-me de fazer referência, como sempre faço. Esse poema de Caeiro tb é mt bonito e tb gosto mt (:

Obrigada por visitatres o meu blog (:

bjs*