domingo, 28 de fevereiro de 2010

Olhares...



Todos nós temos
Olhares perdidos,
Olhares dispersos…

Da janela a encosta retorcia-se em altos e baixos. O perfil das colinas estendia no horizonte do céu pálido o luar branco. O seu olhar extasiado deixava-se ali ficar, perdido naquela metamorfose do dia para a noite. Disperso na beleza que se afigurava diante si, seu olhar procurava inúmeros olhares:

Olhares anónimos,
Olhares familiares,
Olhares imaginários,
Olhares apaixonados,
Olhares ausentes...

A escuridão mergulha e finalmente o seu olhar procura o seu próprio olhar… sem o menor preparo compreendera espontaneamente que existia uma incompatibilidade.

Ao fundo da sala, como se estivesse bem longe, surge o som de uma música. Essa melodia comove-a, mas ela não se deixa levar pela emoção. Sabe que tudo não passa de uma bela e doce mentira. Esse comportamento divertia-a e ao mesmo tempo assustava-a.

Estava cansada não apenas fisicamente como mentalmente. A sua fraqueza embriagava o seu olhar. Num acto voluntário resistiu à embriaguez e do chão pega na sua fraqueza e lança-a em plena rua à vista de todos. Ergue-se, por fim, e admira o que os olhos lhe podem dar a ver de cima…

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