domingo, 10 de janeiro de 2010

Anoitecer


A luz desmaia num fulgor d'aurora,
Diz-nos adeus religiosamente...
E eu, que não creio em nada, sou mais crente
Do que em menina, um dia, o fui...outrora...


Não sei o que em mim ri, o que em mim chora
Tenho bênçãos d'amor pra toda a gente!
Como eu sou pequenina e tão dolente
No amargo infinito desta hora!

(...)

E a esta hora tudo em mim revive:
Saudades de saudades que não tenho...
Sonhos que são sonhos dos que eu tive...


Florbela Espanca
Livro de seror saudade

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