25 de Abril

Quando eu nasci, Abril já voltara a ser o tal mês de águas mil e os cravos, os cravos simples flores de jardim.
Abril, revolução dos cravos. Não presenciei mas gostava muito de ter participado nessa revolução. Hoje dar-lhe-ia outro sentido que não o ideológico.

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Bati asas para cima!

Sobre a terra cai novamente a noite
deixando um rasto no espaço vão
revelando o luar que mergulha num tempo que paira no horizonte.
Volta a repetir-se a escuridão...
Levantei voo e
o milagre do luar renovou-se...
Qundo esqueci as asas vim a baixo
caí vertiginosamente
entre fragmentos e ossos
entre prantos de areia

e aguaceiros de vidro
o céu ficou negro
e a verdade…
a verdade é que bati as asas
e para cima!

Parece Que o Destino Nos Quebrou

Parece que o destino nos quebrou
Mas não mais a tristeza voltará a mim
Parece que o teu sono nos largou
Mas não mais a tristeza voltará a mim
Veio a tempestade sem nos ver
Veio o vento forte e fez chover
Eu pensei que era tão bom
O amor dentro de nos era tão bom
Eu pensei e tu também
Que ninguém entrava em nós
Parece que este fumo nos mentiu
Levou-nos pela mão depois fugiu

E vem que não queres ver
Quem veio atrás sentir-me a pele
P’ra me entreter
P’ra me entreter
P’ra me entreter
P’ra te esquecer

Parece que o veneno envenenou
Mas não mais a tristeza voltará a mim
Parece que esta curva nos virou
Mas não mais a tristeza voltará a mim
Depois de toda a festa não te vi
Larguei o que pesava e corri
Eu pensei que era tão bom
O amor dentro de nos era tão bom
Eu pensei e tu também
Que ninguém entrava em nós
Parece que o veneno nos mentiu
Perdeu-nos no caminho e fugiu

E vem que não queres ver
Quem veio atrás sentir-me a pele
P’ra me entreter
P’ra me entreter
P’ra me entreter
P’ra te esquecer

Vem que não queres ver
Quem veio atrás sentir-me a pele
P’ra me entreter
P’ra me entreter
P’ra me entreter
P’ra te esquecer

Tiago Bettencourt e Mantha

QUESTION

... pergunta-me qualquer coisa
uma tolice
um mistério indecifrável
simplesmente
para que eu saiba
que queres ainda saber
para que mesmo sem te responder
saibas o que te quero dizer

Mia Couto

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Que mais importa?

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Passara a moldar o mundo a partir do zero
Colocou o céu lá em cima, no seu devido lugar,
Fez as árvores nascerem do chão
Inventou a cor, o ar, o cheiro, a gravidade,
O riso e a tristeza,
E a vida voltou a ter vida para ser vivida!
Que mais importa?
Quando se tem isso para fazer?

Cada passo...

Cada passo
Cada um a seguir ao outro
Todos se juntam ao caminho
Que segue sempre em frente
Derramando gotas de vida
Que marcam a terra
Instantaneamente atrás
Quanto mais se avança
Cada marca vai ficando cada vez mais longe
Uma a uma vai-se desvanecendo no tempo
Algumas gotas fazem-se sentir na pele
No rosto escorrendo suavemente
Sobre a face
Ficando como breves lembranças
Ou afundam-se no esquecimento…

Na mesma direcção
Os passos assomam
Naquele destino de um nada de um tudo
Debruçado nas sombras distantes
Que brilham há luz de uma vida
Para descobrir e viver…

As coisas vulgares que há na vida não deixam saudades
Apenas as lembranças que doem ou fazem sorrir…

Tu deixaste das duas lembranças… que eu guardo em mim, mas que pertencem a um passado que não volta a ser presente…

O teu caminho

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O destino foi traçado
Com um lápis de carvão
Pode bem ser apagado e alterado
E nem está escrito nas mãos

O destino não se esconde
Atrás de uma porta qualquer
Tens de o saber procurar
E merecer

Seguindo por essa estrada
És tu quem decide o teu caminho
Se às vezes numa encruzilhada
Descobres que nunca estás sozinho

É uma escolha que se faz
E já não voltas atrás

No quadro que vais pintar
Se depressa o perceberes
És tu quem traça o rascunho
Escolhes as cores que quiseres

O destino não se esconde
Atrás de uma porta qualquer
Tens de o saber procurar
E merecer

Seguindo por essa estrada
És tu quem decide o teu caminho
Se às vezes numa encruzilhada
Descobres que nunca estás sozinho

É uma escolha que se faz
E já não voltas atrás.

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Polo Note

Só mais uma volta.

Só mais uma volta
Só mais uma volta a mim
Só mais uma volta desta ninguém vai cair
Só mais uma vez que vês que ninguém está aqui
Queres só mais uma volta desta ninguém vai cair

Tempo frio afasta o tempo que nos afastou
Primavera lança o laço que nos amarrou
Tempo quente dá vontade de não resistir
Vai só mais uma volta desta ninguém vai cair

Diz-me ao que queres jogar que eu vou querer também
diz-me quanto queres de mim para te sentires bem
não te vejo bem ao longe não sei distinguir
Queres só mais uma volta e desta ninguém vai cair

Ainda te sinto a seguir o rasto que deixo a correr
ainda penso em ti... pensa em mim, mas só mais uma vez.

diz-me quanto tens de honesto quanto tens de bom
diz-me quantas provas queres diz-me quanto sou
Já não sinto nada dentro não sei perceber...
Vai só mais uma volta, desta ninguém vai dizer.

Tiago Bethencour